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Brasil tem 47 mil crianças em abrigos, mas só 7.300 podem ser adotadas

Burocracia e lentos trâmites judiciais fazem com que meninos e meninas demorem para encontrar uma família.

Quatro irmãos com idades entre 3 e 14 anos, negros, soropositivos (que tiveram a carga viral zerada em tratamento) e vivendo há um ano em um abrigo na Zona Oeste do Rio. Quatro vidas com as condições ideais para estarem à margem da sociedade e integrarem as estatísticas de abandono no país, mas que encontraram pelo caminho um casal disposto a reverter o que seria mais uma história com futuro incerto. Juliana, 14 anos, Maria Vitória, 5 anos, Luís Fernando, 4 anos, e Anna Cláudia, 3 anos, agora têm pais. Dois pais.
A opção de Rogério Koscheck e Weykman Padinho, casados há dez anos, tirou em 2014 as quatro crianças das estatísticas que assustam especialistas às vésperas do Dia Nacional da Adoção, celebrado amanhã: no Brasil, 47 mil crianças e adolescentes crescem nos abrigos mas, desses, apenas 7.300 estão aptos judicialmente para serem adotados, segundo balanço do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA). Os dados também revelam que, em paralelo a isso, 33 mil pessoas estão habilitadas a adotar.

PREFERÊNCIA POR BEBÊS

Procurador de Justiça da Infância e Juventude, Sávio Bittencourt destaca que a burocracia e a lentidão dos trâmites judiciais fazem com que muitas crianças só possam ser adotadas tarde demais, quando já estão fora dos perfis mais procurados pelos candidatos a pais. Até lá, esses cerca de 40 mil jovens vivem nos abrigos, enquanto famílias esperam anos pela chance de adoção. O procurador lembra que a maioria das pessoas aptas a adotar busca, em geral, um perfil específico: bebês de até 3 anos, brancos e sem doenças congênitas. Apenas 50% dos pretendentes aceitam adotar negros, e somente 6,3% estão dispostos a adotar filhos com 8 anos de idade ou mais.

— A pessoa tem o direito de adotar um bebê, porque quer passar por todas as fases de seu desenvolvimento e acompanhar o seu crescimento. E isso é justo, não pode ser julgado — observa Bittencourt. — Mas por que essas 40 mil crianças, várias ainda bem pequenas, estão nas instituições e não são adotadas? A resposta é simples: a Justiça tem que ser mais rápida. Se a criança não entra no cadastro de adoção, torna-se invisível.

O procurador, que adotou dois de seus cinco filhos, ressalta que a Justiça costuma levar tempo demais para destituir o poder familiar sobre a criança. Isto é, retirar oficialmente a tutela da família biológica.

— Com isso, essas crianças ficam vegetando nos abrigos até se tornarem adolescentes e perderem o perfil de adotabilidade — lamenta ele.

No caso de Rogério e Weykman, o processo foi até rápido, uma exceção.

— Nossas vidas mudaram, as vidas deles se transformaram, sentimentos afloraram. A adoção foi a nossa única opção para realizar a paternidade, mas não imaginávamos que a interação seria tão grande, que a certeza seria inabalável, que poderíamos nos realizar tanto e que seríamos amados com tanta intensidade. É muito amor — relata o casal.

— A pessoa tem o direito de adotar um bebê, porque quer passar por todas as fases de seu desenvolvimento e acompanhar o seu crescimento. E isso é justo, não pode ser julgado — observa Bittencourt. — Mas por que essas 40 mil crianças, várias ainda bem pequenas, estão nas instituições e não são adotadas? A resposta é simples: a Justiça tem que ser mais rápida. Se a criança não entra no cadastro de adoção, torna-se invisível.

O procurador, que adotou dois de seus cinco filhos, ressalta que a Justiça costuma levar tempo demais para destituir o poder familiar sobre a criança. Isto é, retirar oficialmente a tutela da família biológica.

— Com isso, essas crianças ficam vegetando nos abrigos até se tornarem adolescentes e perderem o perfil de adotabilidade — lamenta ele.

No caso de Rogério e Weykman, o processo foi até rápido, uma exceção.

— Nossas vidas mudaram, as vidas deles se transformaram, sentimentos afloraram. A adoção foi a nossa única opção para realizar a paternidade, mas não imaginávamos que a interação seria tão grande, que a certeza seria inabalável, que poderíamos nos realizar tanto e que seríamos amados com tanta intensidade. É muito amor — relata o casal.

Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/brasil-tem-47-mil-criancas-em-abrigos-mas-so-7300-podem-ser-adotadas-21384368?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O%25Globo